Os Sonhos
Ana Paula da Cruz
Pereira
Já não há mais sol, há noite e as luzes da cidade estão
acesas. No meio da noite começava a me virar na cama, olhando assustada para o
relógio, percebi que ainda eram 04:00 horas da manhã.
Durante dias eu via em meus sonhos aquele rosto. Na
primeira noite levantei e caminhei pela casa, liguei a TV e fiquei horas
pensando naquele sonho com o rapaz até então desconhecido, mas ás vozes da
televisão insistiam em me interromper.
Logo o sol batia na janela, era hora de ir trabalhar,
deixei o carro na garagem e optei pela caminhada. A rua estava agitada,
automóveis passando, a poeira, um ou outro pássaro, pessoas com pressa, mas em
meio a isso tudo um banco na praça me chamou a atenção, a falta de tempo me fez
deixar aquele velho hábito que tinha de ficar horas ali sentada, lendo.
A sombra da árvore era a mesma, só que agora com longos
troncos, ainda batia aquele vento puro e meus cabelos balançavam.
Os sonhos á noite continuavam constantes, em uma manhã de
sexta – feira que nada diferia de tantas outras sextas passadas sendo chuva ou
sol, e nada de algo novo, resolvi tirar um tempo para ir á biblioteca da
cidade.
Chegando lá, percebi que nada havia mudado de lugar, as
prateleiras de livros ainda tinham 15 fileiras, com muitas histórias esperando
para serem lidas.
Quando entrei ali, senti novamente aquele conforto, então
comecei a andar pela biblioteca, na quinta fileira, peguei um livro e continuei
a andar. Foi então que vi o lugar em que eu costumava ler, tendo ainda aquela bela
vista da janela para a cidade e uma mesinha com duas cadeiras. Então me sentei
e comecei a ler, quando de repente uma pessoa toca no meu ombro e então uma voz
diz:
- Eu
costumo sentar – me aqui, posso?
Quando me virei para pedir desculpas, aqueles olhos
azuis, era o rapaz que aparecia nos meus sonhos, aquele rapaz alto, magro, de
ombros largos e fortes, mas o que mais me chamava a atenção era o rosto dele,
aparecia sempre sorrindo.
O que houve
naquele instante foi profundo demais, ficamos ali nos olhando em silêncio por
algum tempo. E foi nesse gesto casual que nos encontramos, o engraçado é que
falamos juntos.
- Eu
sonho contigo todas ás noites!
Seria o destino, eu fiquei olhando para ele e ali não era
mais sonho, mas sim vida real, eu podia toca – lo.
Então convidei o
rapaz para sentar – se ao meu lado, ele tinha um All – Star azul, usava
bermuda, estava com um relógio branco no braço esquerdo, tinha os cabelos
pretos e curtos, usava uma camiseta azul escura que destacava mais ainda seus
olhos azuis.
Conversando ali senti – me a vontade para falar mais
sobre mim, ele se apresentou e então descobri que o rapaz misterioso e
desconhecido se chamava Miguel, e que sonhava comigo também.
Miguel disse:
- É
mesmo você, a moça com quem sonhava todas ás noites, com o mesmo tipo físico e
esse sorriso encantador.
Miguel disse que por onde ele passava olhava para os
lados para ver se me encontrava, ele disse que não conseguia esquecer aquele
rosto delicado, os cabelos longos e olhos cor de mel.
Parecia que nos conhecíamos há bastante tempo, ele
gostava de velhos costumes e dos velhos valores, hoje tão esquecidos, tinha
gosto pela leitura, gostava de esportes, era tudo aquilo que sempre procurei.
A única coisa que me passava pela cabeça é que eu queria
estar sempre com ele, segurando sua mão, olhando seus olhos e teu lindo
sorriso.
E então, o sonho veio para ser a realidade e nos
encontramos.
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